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サマリー
あらすじ・解説
Segunda parte da reflexão sobre o poema "Se eu fosse eu" de Clarice Lispector!
Caminhando no aprofundamento dessa bela obra, tentando expor com algumas situações reais e um pouco de teoria, sobre as máscaras, que chamamos em psicologia analítica de "personas" que inevitavelmente todos nós fazemos, para dar conta do mundo, para atender supostamente ideais, escondendo características bem marcantes da nossa personalidade, que supomos não sejam bem vistas, que supomos não sejam aceitas... para onde elas vão?
SE EU FOSSE EU
Quando não sei onde guardei um papel importante e a procura revela-se inútil, pergunto-me: se eu fosse eu e tivesse um papel importante para guardar, que lugar escolheria? Às vezes dá certo. Mas muitas vezes fico tão pressionada pela frase "se eu fosse eu", que a procura do papel se torna secundária, e começo a pensar. Diria melhor, sentir.E não me sinto bem. Experimente: se você fosse você, como seria e o que faria? Logo de início se sente um constrangimento: a mentira em que nos acomodamos acabou de ser levemente locomovida do lugar onde se acomodara. No entanto já li biografias de pessoas que de repente passavam a ser elas mesmas, e mudavam inteiramente de vida. Acho que se eu fosse realmente eu, os amigos não me cumprimentariam na rua, porque até minha fisionomia teria mudado. Como? Não sei. Metade das coisas que eu faria se eu fosse eu, não posso contar. Acho, por exemplo, que por um certo motivo eu terminaria presa na cadeia. E se eu fosse eu daria tudo que é meu, e confiaria o futuro ao futuro. "Se eu fosse eu" parece representar o nosso maior perigo de viver, parece a entrada nova no desconhecido. No entanto tenho a intuição de que, passadas as primeiras chamadas loucuras da festa que seria, teríamos enfim a experiência do mundo. Bem sei, experimentaríamos enfim em pleno a dor do mundo. E a nossa dor, aquela que aprendemos a não sentir. Mas também seríamos por vezes tomados de um êxtase de alegria pura e legítima que mal posso adivinhar. Não, acho que já estou de algum modo adivinhando porque me senti sorrindo e também senti uma espécie de pudor que se tem diante do que é grande demais.
Clarice Lispector
Rafael Leitoles Remer - Psicólogo CRP: 08/09332 Edição: Rafael Remer Música de fundo: Rafael Remer Contatos: https://wa.me/554191821966 https://psicologorafaelremer.com/ https://www.instagram.com/psicoremer/