エピソード

  • "ME IMPEDIRAM DE JOGAR DOIS ANOS, POR MEDO DE OUTRA TRAGÉDIA. O SÃO CAETANO ERROU."
    2025/07/08

    Dia 27 de outubro de 2004.

    O Brasil assistiu consternado, a morte dentro do gramado do Morumbi, do zagueiro Serginho, do São Caetano, em uma partida contra o São Paulo.

    O motivo: parada cardíaca.

    De acordo com reportagens da época, exames apontavam problemas no coração, mas ele decidiu seguir atuando.

    A direção do São Caetano foi investigada até pela polícia. A suspeita era que seus jogadores não estariam seguindo protocolos médicos rígidos.

    Desta desconfiança nasceu outro drama.

    'Esse clima de medo no clube me atingiu em cheio. E acabei perdendo o auge da minha carreira.'

    Fabrício Carvalho pagou pelo exagero, pelo pavor da direção do São Caetano, de outra tragédia, que afastaria patrocinadores, investidores, apoio escancarado da prefeitura da cidade ao clube vice-campeão da Libertadores, vice-campeão nacional, campeão paulista.

    'Fui diagnosticado com arritmia. E simplesmente fui afastado. Tinha 27 anos, estava no auge. O São Paulo já negociava a minha compra. O Palmeiras e o Corinthians também estavam para fazer proposta. Mas todos se afastaram, com medo. Fiquei marcado no Brasil todo. E hoje eu posso falar abertamente, houve uma enorme precipitação.

    "O motivo da arritmia jamais foi constatado. O medo de nova morte em campo era tanta que apenas me chamavam para fazer exame médico. Ninguém achava nada. Só que não me deixavam correr, sequer andar.

    "Engordei dez quilos em dois anos. Tenso, descontei todo meu medo e frustração comendo. E nada de me liberarem. Minha carreira foi sabotada."

    Fabrício Carvalho se tornou sinônimo de jogador cardíaco, sem possibilidade de atuar.

    Até que foi para Goiás.

    "O São Caetano queria me encostar, deixar de lado. Foi quando eu decidi rescindir. E fui para Goiás. Fiz todos os exames possíveis. E ouvi dos médicos que estava apto para jogar. E só perdi tempo, dois anos da carreira.

    "Fiquei revoltado. Mas o que poderia fazer? Voltar no tempo? Atuei por mais nove anos. Só que meu futebol nunca mais foi o mesmo. Perdi agilidade, mobilidade. A carreira de um jogador é curta. Dois anos significam muita coisa.

    "Vou contar mais. Os médicos do São Caetano ligaram para os médicos do Goiás reclamando da minha liberação. Eles não conseguiram chegar a um diagnóstico. E ainda queriam acabar de vez com minha carreira."

    Fabrício Carvalho é direto. "Se eu perdoei os médicos? Perdoei. Mas sei que paguei pelos erros, pelo medo que eles tiveram de um novo caso Serginho."

    Fabrício ainda jogou por Goiás, Portuguesa, Remo, Bragantino, Oeste, Ferroviária, Guaratinguetá, Araxá, Cabofriense e Taboão da Serra.

    "Nada aconteceu comigo, mas os médicos do São Caetano fizeram que eu entrasse em campo com medo de morrer. Sou humano. Paguei demais por erros que não foram meus."

    Agora, aos 47 anos, Fabrício Carvalho está renascendo. Se tornando um excelente narrador e influencer. 'Acompanho jogos de várzea, transmito, faço reportagens. Sempre fui tímido, mas diante de um microfone, me transformo. Estou no meu ambiente, que amo e conheço muito: o futebol. Me sinto recuperando o tempo perdido. Graças a Deus...'

    Ele aceitou sair de Andradina, cidade a 600 quilômetros da capital de São Paulo para dar essa reveladora entrevista...


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  • "FUI OBRIGADO A JOGAR PELO CORINTHIANS, VENDIDO PARA A ALEMANHA. ESTOUREI O JOELHO. ADEUS, NEGÓCIO"
    2025/07/01

    Pentacampeão com a Seleção Brasileira.Campeão mundial com o Corinthians.Bicampeão da Libertadores, uma vez com o Vasco e outra com o São Paulo.Maior artilheiro do Corinthians e Vasco na Libertadores.16 operações por conta do futebol.Ele foi um dos grandes goleadores da história deste país.Luizão.Nome muito respeitado no futebol.Principalmente no Guarani, Palmeiras, Vasco, Corinthians e São Paulo. Aos 49 anos, continua a mesma pessoa simples, mas de personalidade forte, direta.Conta a situação sem floreios, sem buscar amenizar o que viveu.Com um talento fora de série, misturando a raiva que disputava a bola com os zagueiros, com inteligência e frieza natas para definir diante do goleiro, teve uma carreira marcante."Se tivesse que chorar ou a mãe do zagueiro do time adversário ou a minha, que chorasse a dele", resume, brincando.Mas sua ironia tinha a ver com a raça que mostrava em campo."Nunca fui de me intimidar. Nunca abaixei a cabeça para ninguém. Nem pipoquei. Me propus a se o jogador que iria marcar os gols e fui o que fiz em toda minha carreira."Sua técnica também permitia gols driblando a zaga, tabelando.Seu principal parceiro foi Amoroso. Formaram uma dupla histórica.No Palmeiras, desfrutou da seleção montada pela Parmalat."Concordo com o que o Müller te disse, Cosme. Iríamos ganhar tudo se o time continuasse junto. Mas os dirigentes não enxergaram. Eram ruins. O Brunoro não me vendeu para o Real Madrid, estava tudo certo. Depois me vendeu ao La Coruña, com todos perdendo dinheiro."Já de volta ao Corinthians teve pela frente um elenco excepcional, que acabou campeão do mundo, em 2000."Jogar com o Fred, Marcelinho, Vampeta, Edilson. Equipe maravilhosa. E para quem chama o nosso Mundial de laboratório, o que é este Mundial de agora, dos Estados Unidos? Alguém diz que é laboratório?"No Corinthians, viveu a pior experiência da carreira. Estava vendido para o Borussia."Mas me obrigaram a jogar contra a Portuguesa. Quem? O Luxemburgo, o (diretor de futebol Roque) Citadini. Fiz um golaço. A torcida me xingando, por estar vendido. E rompo os ligamentos cruzados do joelho direito e ainda lesiono os meniscos. Adeus ida para o Borussia. O seguro que eu tinha era de invalidez, o que não era o caso. Não ganhei um tostão.' O Borussia iria pagar 12 milhões de dólares, em junho de 2001. Seriam, cerca de 70 milhões de dólares, atualmente. Ou seja, cerca de R$ 383 milhões.Luizão seguiu com problema no joelho e quase perde a Copa do Mundo de 2002. 'O Felipão acreditou em mim. Eu e o Ronaldo Fenômeno sofremos muitas dores. E passamos medo demais de não disputar a Copa. No final, campeões, choramos abraçados. Só nós sabemos o que sofremos.'Muito fechado, ele só sorriu quando lembrou do pênalti contra a Turquia, no primeiro jogo do Brasil no Mundial de 2002. "Eu fui agarrado pelo turco. O arrastei junto comigo até quando pude. Sei que caímos fora da área. Mas o Vampeta pegou a bola e já levou para a marca do pênalti. Foi a malandragem brasileira que ganhou o jogo. Com a vitória, a Seleção ganhou confiança para conquistar a Copa do Mundo.'Luizão hoje representa Jorge Mendes no Brasil, buscando atletas para levar à Europa.O português foi empresário durante décadas de Cristiano Ronaldo.'Tenho muito orgulho de tudo que vivi minha carreira. Sai de Rubinéia, uma pequena cidade, e acabei ganhando a Copa, o Mundial com o Corinthians, as Libertadores com o Vasco, com o São Paulo. Perdi, lutei, conquistei. Tenho filhos lindos, inteligentes, resolvidos. Minha vida é especial.'REDE SOCIALInstagram: @cosmerimoli #cosmerimoli #luizão #entrevista #corinthians #vasco #palmeiras #saopaulofc #2025 #cbf #podcast #recordtv #recordnews

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  • 'SALVEI O MARCELINHO CARIOCA. O RINCÓN O LEVANTOU PELO PESCOÇO. SÓ VIA AS PERNINHAS BALANÇANDO'
    2025/06/24

    Marcos André Batista Santos poucos conhecem.Mas basta citar o cruel apelido 'Vampeta' e a idolatria aparece.Ele chegou mais cedo para a entrevista, foi almoçar ao lado do estúdio. E o dono do restaurante não quis receber seu dinheiro. E ainda agradeceu por ele ter aparecido."Sou muito feliz, onde quer que eu vá é assim. Nem sei o que fiz para merecer tanto carinho. É de palmeirense, são paulino, santista. Nem parece que fui jogador do Corinthians. Aliás, fui feito para o Corinthians!"Aos 51 anos, o carisma segue o mesmo.O personagem e o homem já nasceram misturados, com o melhor e o pior de cada um.A mente afiada.E o bom humor inerente transforma até histórias tristes, dificuldades que passou na vida, objetos de riso solto.Choro e lamentações não fazem parte de sua vida.Longe do lado jocoso, que faz questão de cultivar, Vampeta foi um jogador especial, inteligente, com visão tática diferenciada.Não ganhou 14 títulos por acaso. Entre eles, o pentacampeonato mundial, com a Seleção Brasileira. E o Mundial de Clubes, com o Corinthians. 'Joguei 13 partidas das Eliminatórias como titular. Chega na Copa, o Felipão muda o esquema. E sobra para mim, que acabei no banco. Joguei alguns minutos contra a Turquia. Estava no meu auge, mas o Brasil ganhou, está tudo certo. Sou pentacampeão do mundo.''Eu fiz o meu destino. Era filho de um caminhoneiro e uma dona de casa do Interior da Bahia. Vi um anúncio na tevê, em Nazaré das Farinhas, cidade próxima a Salvador. O Vitória estava fazendo uma 'peneira'. Decidi ir. Fui sozinho, passei. Mudei minha vida.'Como não tinha os dois dentes da frente, os colegas de time o apelidaram de Vampeta, terrível junção de 'Vampiro' com 'Capeta'. Lógico que ele não gostou. Foi aí que o apelido pegou para o resto da vida. Conviveu com cobras e ratos no alojamento precário dos garotos do Vitória, que ficava ao lado de um gigantesco depósito de lixo.Foi o primeiro jogador do Nordeste a ser vendido para a Europa, quando a lei do Velho Continente só permitia três atletas. 'Na Holanda eram só dois. Fui para o lugar do Romário.'Sua carreira e vida não dariam um filme. Mas uma série com inúmeros capítulos. O documentário sairá, com certeza.Vampeta é muito requisitado. Para entrevistá-lo, a insistência de mais de um ano. Porque viveu inúmeras situações que, contadas por ele, lembrando Ariano Suassuna, deixa o real em surreal.Como descer a rampa do Planalto, bêbado, com a camisa do Corinthians, 'roubando' a festa do pentacampeonato, diante do atônito presidente da República, Fernando Henrique.Também foi o primeiro jogador de futebol a posar nu no Brasil.'Me deram três salários que recebia no Corinthians, topei na hora. "O Luxemburgo ficou louco. Foi a revista que mais vendeu na história. Como a gente seguiu ganhando e eu jogando bem, ninguém pegou no meu pé.'Esteve no time histórico que ganhou dois Brasileiros e o título mundial.'Era muito futebol e muita confusão. Rincón, Marcelinho, Edílson, Luizão, Dida, Ricardinho, Vanderlei Luxemburgo. Foi tudo especial. Até as tretas. Nosso vestiário era bravo...' Ele contou algumas situações inacreditáveis na entrevista.Explicou a famosa frase que cunhou no Flamengo. 'Eles fingem que me pagam. Eu finjo que jogo.' Relembra que ficou cinco meses sem receber na Gávea. E depois teve de andar com segurança, com medo dos torcedores flamenguistas.Vampeta viveu alegrias de conquistas, mas as dores do rebaixamento com o Corinthians e Brasiliense.'Cosme, o jogador sente quando está em um time que vai cair. E você pode fazer de tudo, que não tem jeito. É difícil, dói..."Foi preso no Kwait por desafiar a religião mulçumana, que proíbe bebidas alcoólicas. 'Fui fabricar vinho na minha casa. Fui pego. Passei mais de 30 horas na cadeia. De raiva, fiz umas 50 garrafas e saí distribuindo.'Restaurou o único cinema de Nazaré das Farinhas, como retribuição à cidade que nasceu.Trabalha há 14 anos na rádio Jovem Pan. Recusou convite da Band para substituir Denilson.

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  • "SER ÍDOLO NO SANTOS E NO CORINTHIANS NÃO É PARA QUALQUER UM" | COSME RÍMOLI
    2025/06/17

    "Nós também vivíamos um caos na Vila Belmiro. Éramos mais 50 jogadores, ninguém acreditava no Santos. Era mais ou menos como acontece agora. Seguimos um trabalho sério. E o time renasceu. Foi assim que surgiram os 'Meninos da Vila', campeões de 1978. O Santos atual tem jeito!"A aposta é de João Paulo de Lima Filho.'João Paulo Papinha', para os que tiveram a sorte de acompanhar o Santos, campeão paulista de 1978. Time que fez história.Ganhou o primeiro título depois que Pelé deixou o Santos, em 1974Extremamente ofensivo, com Ailton Lira, Pita, Nilton Batata, Juary e João Paulo.Carioca, habilidoso, dono de dribles objetivos e com arremate forte e preciso, via no futebol uma saída para a família, simples de São João do Meriti. "Eu me destaquei no São Cristóvão. Achei que iria jogar em um time grande do Rio, quando o Santos surgiu. E lógico que eu fui. O clube era muito pressionado, tinha de dar resultado. Não tinha mais Pelé. Foi quando o Chico Formiga percebeu que havia jogadores extremamente ofensivos e com talento, entre os muitos jogadores que a diretoria contratou, meio sem critério."João Paulo logo ganhou o apelido de Papinha, por conta do Papa João Paulo ll. Embora franzino, sempre foi dono de personalidade forte. Em uma campanha memorável, o Santos decidiu o título de 1983. 'Nós ganhamos do Flamengo por 2 a 1, no Morumbi. Fomos jogar no Rio e o Arnaldo César Coelho marcou pênalti inexistente e ainda anulou um gol nosso alegando impedimento inexistente. Era carioca, não poderia ter apitado a final. Perdemos por 3 a 0 e a imprensa do Rio de Janeiro invadiu o campo, antes de a partida acabar. Saímos brigando com os jornalistas. O Serginho Chulapa começou e eu também participei."Essa briga queimou João Paulo, que foi contratado pelo Flamengo, no ano seguinte."Eu não fiquei nem um ano no Flamengo. Acabei queimado politicamente por ter batido nos jornalistas. Foi uma pena. Porque estava jogando muito bem."João Paulo não tem o que reclamar. Veio para o Corinthians. 'Primeiro teve desconfiança, por ter jogado no Santos. Mas depois acabei ídolo. Jogar no Corinthians foi completamente diferente. A torcida tem um envolvimento maior na direção do clube. Fui campeão paulista dez anos depois, contra o Guarani. Eles tinham um timão, Evair, João Paulo, Paulo Isidoro, Neto. Joguei como meia esquerda, revezando com o Paulinho. O técnico era o Jair Pereira." Acabou passando cinco anos no Parque São Jorge. E foi cultuado por lá."Ser ídolo em dois rivais não é para qualquer um."Teve poucas chances na Seleção Brasileira. "Tive muitos concorrentes. Éder, Joãozinho, João Paulo, do Guarani. Não era como hoje, havia jogadores talentosos aos montes.'Jogou rapidamente no Palmeiras. 'Cheguei em um clube com muitos problemas políticos. Não deu certo." Sobre o Santos atual, ele é direto. Não aceita a pressão só em Neymar."Ele está sozinho. O segredo para mim seria investir na base, nos garotos. O Santos só quer comprar jogadores. E tem formado times ruins. O rebaixamento aconteceu por isso. Agora é preciso muito cuidado. O segundo rebaixamento seria terrível. Ainda dá tempo. O trabalho tem de ser sério."João Paulo vive em Santos e nem parece ter 68 anos. Segue de mente afiada, personalidade forte.Torcendo para o Santos não cair de novo...REDE SOCIALInstagram: @cosmerimoli

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  • 'O PALMEIRAS DE 1996 IRIA GANHAR TUDO. SAÍ POR CAUSA DO BRUNORO.'
    2025/06/10

    O menino Luís Antônio Corrêa da Costa dormiu entre o pai e a mãe, na mesma cama, até os 14 anos.

    A família pobre de Campo Grande não tinha espaço para alojar os oito filhos, na casa simplória.

    E esta sensação psicológica de confiança, dormindo com os pais foi arrancada de uma vez. Por conta de seu talento fora de série com a bola nos pés. Era a chance de a família dar uma virada na apertada vida financeira. E lá foi ele, morar na assustadora São Paulo, imensidão de prédios. Seu 'lar'? Pequeno quarto embaixo das escadas do Morumbi.

    "Chorava todos os dias. Mergulhei em uma enorme depressão. Voltei para Campo Grande, mas um diretor do São Paulo foi me buscar."

    Desta vez, Luisinho, se transformou de vez em Muller. Por conta do alemão Gerd Muller, certo? Não. O apelido de seu irmão era Mulo. Muller foi consequência de quem não entendeu Mulo. E o atacante germânico estava no auge.

    Criou uma fortaleza psicológica para enfrentar a carreira como jogador muito talentoso que foi.

    Muller avisou antes da entrevista que queria falar só de futebol. Ele teve uma vida intensa. Foi campeão mundial com a Seleção Brasileira sub-20, na Rússia, em 1985

    O sucesso no São Paulo veio por conta de Cilinho. E ele foi a principal peça do time que foi batizado de 'Menudos do Morumbi'. Equipe empolgante, campeã brasileira de 1986.

    Símbolo sexual na época, frequentava as casas noturnas mais badaladas. Com carros caríssimos.

    Casou com a ex-chacrete Jussara Mendes, união que chamou a atenção de toda mídia, na época. A relação durou 20 anos.

    Foi jogar no Torino. Investiu seu dinheiro no banco do então presidente do clube, que acabou falindo. Voltou para o São Paulo. E outra vez formou em uma equipe excepcional. Desta vez comandada por Telê Santana. Foi bicampeão mundial, vencendo os favoritos Barcelona e Milan.

    "Quando fiz o terceiro gol, o da vitória, virei para o Costacurta e falei todos os palavrões que sabia e não sabia. Aquele título foi sensacional. Nosso time era incrível."

    Muller disputou três Copas do Mundo. A de 1986. A de 1990, onde foi titular, ao lado de Careca. "Nosso time era muito forte, mas a briga com a CBF (pelo dinheiro do patrocínio da Pepsi) atrapalhou. O Lazaroni é um grande injustiçado. Ele era moderno, mas a imprensa, que não entendeu o seu esquema, o massacrou." Em 1994 foi campeão como reserva de Parreira, que considera um técnico fraco. "Romário e Bebeto estavam no auge. Mas eu também e fui pouco utilizado, poderia ter entrado mais no lugar de um dos dois. Só que Parreira revezava as substituições."

    Mas o time que Muller pôde mostrar todo seu talento foi o Palmeiras de 1996. 'Foi fantástico. Aquele time, comigo, com o Djalminha, um gênio, com o Rivaldo, destruidor de defesas com sua força e técnica, com o Luizão. Nosso ataque marcou 102 gols em 30 jogos do Paulista. Cafu, Júnior... Se ficássemos juntos, ganharíamos tudo, por uns dois anos", aposta.

    "Só que o time foi desmanchado. Saí do maravilhoso Palmeiras de 1996 por causa do Brunoro. (José Carlos Brunoro). Ele era o CEO da Parmalat. Avisei meses antes que precisava renovar meu contrato. Ele não ligou. O fim do meu contrato coincidiu com a decisão da Copa do Brasil. O São Paulo soube que não tinha renovado. E me fez uma proposta muito maior que eu ganhava. Perguntei para o Brunoro o que ele iria fazer. Ele disse 'nada'. Fui para o São Paulo.'

    A saída de Muller foi um desastre. O Palmeiras perdeu a Copa do Brasil, em casa, para o Cruzeiro. O time maravilhoso nunca se recuperou da saída do atacante. E foi desmontado.

    Ganhou 17 títulos na carreira. Foi milionário. Perdeu grande parte da fortuna. Se recuperou, tem uma vida confortável. Não aparenta os 59 anos. Virou um rígido comentarista de futebol.

    Se assume como são paulino, apesar de ter jogado nos quatro grandes paulistas.

    "Eu não tenho nada a reclamar. Vivi como quis. E fui quatro vezes campeão do mundo. Acho que acertei nas minhas decisões."


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  • TÍNHAMOS PELÉ, COUTINHO, MENGÁLVIO, EU. AGORA? É SÓ NEYMAR.'
    2025/06/03

    "Pode apostar nesse menino. Ele vai dar o que falar."

    Foi assim, a apresentação de Jonas Eduardo Américo na Vila Belmiro, em 1964, à direção do Santos. E as palavras foram ouvidas com muita atenção. Elas saíram da boca de Pelé. E ele acertou em cheio, ao falar do garoto de 14 anos, que descobriu em Jaú.

    Dois anos depois, já era seu companheiro de Santos. E de Copa do Mundo. O mais jovem brasileiro a ir a um Mundial, com apenas 16 anos.

    Edu foi um fenômeno. Teve uma carreira impressionante. Seus dribles curtos, sua sede de gols, a visão de jogo. Foram dez anos espetaculares no Santos.

    A France Football o escolheu como melhor ponta esquerda do mundo em 1968 e 1969.

    "Nós tínhamos uma equipe maravilhosa. A começar por Pelé. Jogar ao seu lado era impressionante. Ele antevia todos os lances. Era sério, determinado. A fome de gols e de vitórias que ele tinha nos contagiava. Conseguimos formar um dos melhores times de todos os tempos.

    "Só não ganhamos mais Libertadores e Mundiais porque os nossos presidentes queriam dinheiro. E as excursões pelo mundo era muito lucrativas. Entrávamos em campo sabendo que íamos vencer. O Santos ganhou muito, mas muito dinheiro. Era para ser hoje o clube mais rico do país. Por que essa fase, que durou anos, com dinheiro entrando sem parar, não refletiu em infraestrutura? A culpa é de quem administrou o Santos. Em campo, fizemos de tudo. Dinheiro veio e muito."

    Edu, além de driblador, era artilheiro.

    Marcou 189 gols com camisa santista. Foi convocado para três Copas do Mundo. Mas esse é um assunto que o amargura. 'A primeira não joguei, em 1966, por ser jovem demais. Na segunda, foi por causa do esquema tático do Zagallo. Fui titular as Eliminatórias inteiras, com João Saldanha. Em 1974, não tem explicação, a não ser a perseguição de Zagallo que, além de privilegiar os cariocas, não gostava de mim. Me convocou por obrigação, mas não me escalou. Foi muita injustiça e o Wendel me segurou quando o xinguei e fui cobrar essa perseguição.'

    Edu saiu do Santos por se desentender com dirigentes. Foi para o Corinthians, campeão de 1977. Mas sentiu os jogadores divididos 'em panelas'. Foi para o Inter. De lá, para seis anos no Tigres, do México. Jogou nos Estados Unidos, no Tampa Bay. Voltou para encerrar a carreira no São Cristóvão, Nacional e Dom Bosco.

    Aos 75 anos, segue como um dos embaixadores do Santos, em vários eventos pelo mundo.

    E acompanha com imensa preocupação os últimos anos do seu time de coração.

    "Chorei muito em 2023, quando o Santos foi rebaixado. Saí andando sem rumo, do estádio.

    "Agora, de novo, estou muito preocupado.

    "A situação é complicada e o peso está todo no Neymar. Ele é um jogador excepcional. Mas está sozinho. Nós tínhamos Pelé, Mengálvio, Toninho, Carlos Alberto, Clodoaldo, eu...

    "Agora? É só o Neymar.

    "O Santos não pode ser rebaixado de novo. Não quero nem pensar nas consequências. É triste. Nunca pensei que esse clube, que conquistamos tanto, iria estar nessa situação."

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  • 'ZAGALLO PERDEU A COPA DE 74. FICOU COM MEDO DE ESCALAR NÓS SEIS, DO PALMEIRAS.'
    2025/05/27

    Leão, Luís Pereira, Alfredo, Ademir da Guia, Leivinha e César Maluco.

    Esses foram os seis jogadores, que atuavam no Palmeiras bicampeão brasileiro. E que foram para a Alemanha, disputar a Copa do Mundo de 1974. Eles tinham convicção que atuariam juntos, formariam a base da Seleção na busca do tetracampeonato.

    "Era a coisa mais lógica a fazer. Como tinha acontecido com o Santos e Botafogo, no Mundiais de 58 e 62. Mas o bairrismo pesou. O Zagallo preferiu fazer média com o Rio de Janeiro. O Brandão, que era treinador do Palmeiras, me falou na Alemanha: volta para o Brasil, porque você não vai jogar. Só o Leão e o Luís Pereira vão ser titulares. Não querem que o Palmeiras ganhe o tricampeonato brasileiro. Eu deveria ter voltado, ir embora", desabafa, César, em entrevista exclusiva.

    Aos 80 anos, ele não tem nada de maluco.

    "Detestava esse apelido. Foi o José Geraldo de Almeida, narrador famoso, na década de 60, quem deu. Porque eu gostava de comemorar meus gols subindo no alambrado, com os torcedores. Eu sempre fui uma pessoa alegre, expansiva. Queria a celebração, a emoção do gol."

    César teve o privilégio de jogar nos dois fantásticos times do Palmeiras que mereceram o apelido de Academia.

    "Era muito talento junto. Primeiro, Valdir de Morais, Djalma Dias, Djalma Santos, Julinho, Ademir, Servílio, Tupãzinho, eu. Depois, Leão, Eurico, Luís Pereira, Alfredo e Zeca; Dudu e Ademir; Edu, Leivinha, César e Ney. Juntou talento, dedicação, treinamento sério e entrosamento. Sabia, sem enxergar, a movimentação do time. Como a bola viria para eu concluir. Sou o maior artilheiro vivo da história do Palmeiras, com 194 gols." Faria mais, se não fosse suspenso por 11 meses, ao tentar dar cabeçada em um árbitro. Só fica atrás de Heitor, com 323, que jogou entre 1916 e 1931.

    Carioca de Niterói, César chegou ao Palestra Itália por empréstimo do Flamengo. Foi muito bem. O time carioca o quis de volta. Só que o Palmeiras decidiu comprá-lo. Insistiu e o trouxe para ficar. Foram, no total, oito anos com a camisa verde. Ganhou cinco Brasileiros. Dois Paulistas. Foi um grande ídolo.

    "Eu sempre gostei muito de viver. Morava no hotel Normandia, onde ficavam os cantores da Jovem Guarda. Conversava com o Raul Seixas. Vivia... Adorava a boate La Licorne. Era um bordel chic.

    "A dona, uma cafetina, se apaixonou por mim. Ela soube que eu iria casar. E foi, desesperada, para a Alemanha. Me ofereceu 15 mil dólares e uma Mercedes para que eu ficasse com ela. Em plena Copa do Mundo. Uma loucura. Não aceitei, lógico. E casei."

    César teve proposta do Real Madrid, depois de o Palmeiras ter vencido o torneio de Ramón de Carranza, em 1974.

    "O Palmeiras disse que eu era inegociável. Só que eu briguei com o Brandão. O técnico se juntou ao Nelson Duque, que era dirigente, e resolveram me vender para o Corinthians. Sem eu saber. Não havia lei do passe. Jogador era escravo. Eu fui para lá como punição. Um clube gigante. Mas justo o maior rival. Adorava fazer gol contra ele.

    "Não deu certo. Me chamavam de 'porco' nos treinos. Um dia, perdi a cabeça e bati em uns moleques de 18 anos. Um deles era filho de um diretor e fui embora do Corinthians. Nunca quis ter ido para lá."

    Acabou no Santos, Pelé quase o levou para o Cosmos. Vieram as contusões, que o atrapalharam.

    Depois, passou pelo Fluminense, Botafogo de Ribeirão Preto, Rio Negro e Aris, da Grécia.

    "Fui muito feliz no futebol. Dei casa para o meu pai e minha mãe. Cuidei da minha família. Conheci o mundo. Fui ídolo. Se pudesse voltar, faria tudo de novo.

    "E com uma certeza.

    " Nasci para o Palmeiras."

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  • 'MEU BICHO DE ESTIMAÇÃO ERA UM LEÃO. PELÉ PEDIU PARA EU MANEIRAR. PERDI MILHÕES.'
    2025/05/20

    "Quando chegava virado, da farra, pegava o Simba, que era meu leão, e ia com ele para o treino na Ponte Preta. Subia no campo e o deixava lá. Voltava para o vestiário para dormir. O treino não começava, porque todos ficavam com medo do Simba. E eu dormia um pouco. Depois ia pegá-lo e o colocava no meu carro.

    "O Pelé foi no meu apartamento. Estava fazendo mais uma festança. Ele me disse: 'em vez de comprar um apartamento, eu coloquei o meu dinheiro e te comprei para o Santos. Você precisa maneirar'. Segurei por alguns dias, depois voltei para a farra."

    Meia talentoso, driblador, com excelente visão de jogo. Instintivo.

    Diferenciado, em uma época repleta de talentos no futebol brasileiro.

    Pré-convocado para a Seleção, em 2001.

    Santos, Corinthians e, principalmente, a Ponte Preta, onde foi grande ídolo, deram holofotes, dinheiro, a chance de ter uma vida incrível e jamais sonhada para um filho de caminhoneiro.

    "Sem orientação, errei. Perdi chances incríveis que jamais sonhei. Desperdicei. Fui do céu ao inferno. Depois, quando perdi o futebol, me afundei."

    A vida de Reginaldo Rivelino Jandoso, nome de craque até no nome, é impressionante.

    Mais ainda a coragem desse homem de 51 anos em assumir o que viveu.

    A relação dificílima com o pai, que chegava a amarrá-lo para não jogar futebol, quando menino.

    O talento explodiu na Inter de Limeira, a ponto de Pelé, aconselhado por Pepe, comprá-lo e reservar a sua camisa 10. do Santos, para ele.

    O deslumbramento com dinheiro, mulheres, bebidas e carros de luxo.

    'Eu tinha 20 anos e sentia que tinha o mundo à disposição. Aproveitei. Mas me perdi.'

    Fez história nos oito anos da Ponte Preta. Foi contratado pelo Corinthians, por ninguém menos que Rivellino. Acabou sabotado. Teve 22 trocas de clubes. Jogou na Grécia.

    Desperdiçou os milhões que passou por suas mãos. Descontou no álcool. Desesperado, com o fim da carreira, fim do dinheiro, foi convencido a roubar bancos. Acabou preso.

    'Errei feio, vivi o inferno, que são as prisões no Brasil. Descobri Deus. Paguei minha dívida com a sociedade. E agora a tenho a missão de descobrir e, principalmente, orientar novos talentos. Para que não cometam os erros que cometi."

    Piá deu a mais crua e profunda entrevista deste canal...


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