エピソード

  • Francisco Borges: “Não tenho telemóvel. Costumo ler 10 livros por semana"
    2025/06/05

    Junho começou com a comemoração do Dia da Criança e, n’ O Tal Podcast, a data foi assinalada na companhia do estudante Francisco Borges, que, depois das aulas, ainda teve energia para conversar sobre direitos e deveres.

    “Um direito seria, na escola, os professores também deixarem-nos ter ideias”, sugere, explicando que as disciplinas acabam por se tornar um bocado chatas, quando os alunos não têm a oportunidade de participar.

    Mas, atenção: “algumas matérias não têm cura”, avisa Francisco, rápido em identificar o que há de melhor em ser criança. Por um lado, “fazer anos”, diz; por outro, “o desvio às responsabilidades”.

    A caminho dos 13 anos, que celebra em setembro, o convidado deste episódio gosta de festejar o aniversário, mas faz questão de dizer que não tem pressa para chegar à idade adulta. “Acho que ainda tenho um bom tempo para pensar naquilo que quero ser quando for mais crescido”.

    Para já, especializa-se como “devorador de livros”, assinatura que criou nas redes socias, com a ajuda da mãe, a partir de uma das suas grandes paixões: a leitura.

    Habituado, desde bebé, a ouvir histórias, tornou-se um leitor tão voraz que já perdeu a conta ao número de livros que leu este ano.

    Mas tem, na ponta da língua, o último recorde. “Costumo ler 10 livros por semana, só que como parti o pé, comecei a ler quase 10 por dia”, conta.

    Ainda a recuperar dessa fratura, que aconteceu enquanto jogava à bola no recreio da escola, Francisco conta, neste episódio, como tem sido chato ficar quieto, mesmo com tantas histórias para “devorar”.

    Percebe-se porquê, quando ficamos a conhecer as suas atividades extracurriculares: além de jogar futebol, treina kickboxing, faz natação, arranja tempo para umas partidas de xadrez, e ainda participa em conferências. Sempre com a mãe do lado, e sem telemóvel.

    “Acabo sempre por me divertir”, conta, desejoso de voltar à rotina desportiva.

    Até lá, continua a partilhar nas redes sociais outras aventuras do dia-a-dia, que, volta e meia, incluem idas ao tribunal, ou não fosse a mãe advogada. “Na minha página no Facebook e Instagram, partilho as minhas atividades, e também o meu gosto pela leitura”.

    Nesta conversa com Georgina Angélica e Paula Cardoso, Francisco deixa ainda uma mensagem para as crianças – “leiam mais livros” – e uma receita para sociedades melhores: “O mundo precisa de mais paciência”.

    See omnystudio.com/listener for privacy information.

    続きを読む 一部表示
    38 分
  • André Biveti: “Sempre senti que era um produto do Estado Social português”
    2025/05/29

    Campeão nacional de atletismo em várias categorias, André Biveti já tinha conquistado um lugar no Centro de Alto Rendimento do Jamor quando uma lesão o afastou das pistas.

    Precocemente arredado da competição, numa altura em que conciliava as provas desportivas com os exames de Direito, encontrou na política partidária novas metas, traçadas a partir da sua própria realidade.

    “Aquilo que eu sou é, no fundo, o exemplo de como as políticas públicas e sociais são necessárias”, assinala nesta conversa, sublinhando a importância de continuarmos a defender o Estado Social.

    “É a comunidade que nos permite continuar a ter este imaginário de coletivo, ser solidários, e pensar que existem pessoas que necessitam de mais apoio.”

    Firmemente posicionado à esquerda, André começou por integrar a Juventude Socialista, movimentando-se hoje nas fileiras do poder local, na Junta de Freguesia de São Vicente, em Lisboa.

    “É o trabalho de proximidade que nos permite chegar às pessoas, aos nossos vizinhos, e fazer um trabalho comunitário. E é aí que está o coletivo”.

    Foi também nesse ‘chão comum’ que o hoje jurista começou por fincar a sua identidade.

    “Antes de me considerar português, já me considerava do bairro da Graça, porque aquelas pessoas já me reconheciam, já diziam que eu era um deles. E, portanto, o espírito comunitário tem essa lógica muito importante de criar raízes”.

    Filho de mãe angolana e pai congolês, que chegaram ao país como refugiados, André Biveti nasceu em Portugal a 10 de junho de 1992, mas só obteve a nacionalidade aos 15 anos, resultado que parece ter beneficiado da sua performance no atletismo.

    “Acredito que o desporto ajudou a acelerar o processo, porque chegaram a dizer que eu era um bom exemplo de integração”.

    Com ou sem o empurrão das pistas para garantir a cidadania portuguesa, é inegável que foi entre corridas que o ex-atleta encontrou o impulso para se afirmar. “Cresci como uma pessoa bastante tímida, reservada, e o atletismo deu-me um boost de autoestima”.

    O impacto positivo do pódio estendeu-se à escola, onde o socialista entrou para a lista dos melhores alunos. “Comecei a ter melhores notas quando comecei a evoluir mais no atletismo”.

    Formado em Direito – curso que concluiu depois de uma passagem desapontante por Ciência Política –, André conta que “apesar de já ter conquistado algumas coisas”, o peso dos “traumas geracionais” faz com que sinta a pressão de, a cada momento, saber se está a corresponder às expetativas. A começar pela paternidade, que classifica como a maior reinvenção de todas.

    Continue a seguir esta história, na companhia d’ O Tal Podcast, com Georgina Angélica e Paula Cardoso.

    See omnystudio.com/listener for privacy information.

    続きを読む 一部表示
    57 分
  • Luísa Semedo: “Nunca tive problemas em aceitar cargos de responsabilidade. Quando era miúda pensei ser Presidenta da República”
    2025/05/22

    O destino de uma vida na fábrica parecia já traçado na história de Luísa Semedo, mas, mesmo sem qualquer modelo que lhe pudesse servir de referência, era para a liderança política que os seus sonhos apontavam.

    “Quando era miúda, pensei ser Presidenta da República”, conta neste episódio, distanciando os planos infantis de ambições de poder, e aproximando-os do desejo de cuidar.

    “Sou a irmã mais velha, tive que cuidar dos meus irmãos, tive que cuidar também dos adultos da minha família, que tinham algumas problemáticas. E, portanto, sempre fui a mãe de muita gente”.

    Desde cedo habituada a assumir e a acumular responsabilidades, a investigadora reconhece agora a necessidade de parar.

    “Estou a viver um burnout há alguns meses. Estou a tentar sair dele, e a fazer muita aprendizagem em relação a isso.”

    O diagnóstico de Luísa surgiu após o assassinato de Odair Moniz, e confrontou-a com uma realidade ainda pouco conhecida, e até incompreendida: o burnout do ativismo, território no qual se move, em defesa dos Direitos Humanos.

    “Sinto-me, muitas vezes, num lugar de privilégio e, portanto, tenho dificuldade em dizer não, porque tenho que estar à altura e tenho que conseguir”.

    Nascida em 1977, em Lisboa, Luísa cresceu no Bairro da Serafina, filha de mãe portuguesa e pai cabo-verdiano, ambos operários.

    Ainda criança, recorda que deixou de acreditar em Deus, quando estudava numa escola de freiras. “Fiquei ateia, mas com medo de ser má pessoa”, admite.

    Já adulta e a viver em França, para onde emigrou aos 24 anos, a investigadora, escritora e cronista, procurou compreender se existe uma capacidade universal, e que não tenha que ver exclusivamente com a cultura ou a religião, que faça dos seres humanos boas pessoas. Foi aí que encontrou a empatia, tema da sua tese de doutoramento em Filosofia, pela Universidade Paris-Sorbonne.

    Nos antípodas desta descoberta, Luísa partilha ainda como o combate à discriminação a confrontou com o pior da desumanização. “Fui atacada por um neonazi, e pensei mesmo: vou morrer”.

    Sem heroísmos, a ativista conta, nesta conversa com Georgina Angélica e Paula Cardoso, como lidou com essa e outras agressões: “Não é o que eu faço, é o que eu sou”.

    See omnystudio.com/listener for privacy information.

    続きを読む 一部表示
    52 分
  • Carlos Dias: “A nossa maior força é o que sentimos. Na realidade não é aquilo em que acreditamos”
    2025/05/15

    Há um antes e depois do basquetebol na vida de Carlos Dias. Ex-internacional pela seleção portuguesa, campeão nacional e vencedor da Taça de Portugal, o hoje terapeuta conta como esta modalidade o “salvou”.

    “Senti um sentimento de pertença que não tinha encontrado nos meus primeiros 13, 14 anos de vida”.

    Nascido em Lisboa, com raízes em Cabo Verde, Carlos recorda, neste episódio, como, desde muito cedo, percebeu os olhares preconceituosos que lhe eram dirigidos na rua, mais tarde transformados em verbalizações racistas.

    Além de ter bem presente o dia a dia de agressões que viveu com os colegas, nunca mais esqueceu as palavras de uma professora de Matemática.

    “Disse: ‘pois, é para isso que vocês servem, só para correr atrás de uma bola. Tu vais ser como o Eusébio, nunca vais saber falar”.

    Os ataques continuaram nos campos de basquetebol, vindos das bancadas, mas também dos balneários.

    “A última vez que eu joguei pela Seleção Nacional foi já na Seleção de Esperanças. Eu tinha 20 ou 21 anos, e aconteceu um episódio que fez com que eu não voltasse mais”.

    Sem rodeios, hoje Carlos fala assertiva e abertamente de todas as marcas do passado, sublinhando que a última coisa que alguma vez será é vítima.

    “O meu pai sempre incutiu em mim uma ideia de que o silêncio não é opção”.

    Herdeiro de uma linhagem masculina com carreira nas forças militares e de segurança, o ex-basquetebolista quebrou uma longa tradição familiar de fardas.

    Primeiro no desporto, que o fez conhecer várias cidades do mundo – e amadurecer o amor por Lisboa –, e agora na Psicologia, Carlos junta a esta formação, a certificação internacional em coaching.

    Mas faz questão de se desmarcar do “rótulo” de coach. “Fujo desse termo porque está muito contaminado”.

    Terapeuta motivacional e mentor, destaca a “tremenda sorte” de ter uma clientela 98% feminina, porque vê na mulher “o ser mais poderoso da Terra”, bem como “o farol emocional da Humanidade”, e “o veículo da vida”.

    Além de homenagear o poder feminino, nesta conversa com Georgina Angélica e Paula Cardoso, Carlos Dias revela aquele que é seu papel mais importante: ser pai.

    See omnystudio.com/listener for privacy information.

    続きを読む 一部表示
    1 時間 1 分
  • Aua Baldé: “Quando me sento na Assembleia Geral das Nações Unidas, estou lá eu, o meu afro e ainda ponho o turbante. É essencial celebrar-se a diversidade”
    2025/05/08

    Os voos internacionais são uma constante na vida de Aua Baldé que, muitas vezes, encontra na filha, Aicha, o caminho para ‘descer à terra’. “Por ela sou capaz de parar o mundo”, declara, rendida ao “grande privilégio” de desfrutar da maternidade.

    “Acho que as mães têm uma linha direta com Deus”, diz, enquanto aponta a própria progenitora como o seu porto seguro.

    “A minha mãe tem uma capacidade de empatia que não conheço [em] mais ninguém”, assinala, contrabalançado com o exemplo paterno.

    “O meu pai sempre me disse: o teu marido é o teu diploma. Portanto, não era uma opção eu não ir para a universidade”.

    A par dos estudos, Aua foi desenvolvendo um forte sentido de Justiça, canalizado para a especialização na área dos Direitos Humanos, património ameaçado por uma série de retrocessos democráticos.

    “A batalha por aquilo que é certo e que faz sentido para nós tem que persistir”, defende, partilhando a importância da “visão do unicórnio”.

    Nascida na pequena cidade de Canchungo, na Guiné-Bissau, Aua Baldé conserva memórias de uma infância feliz, povoada de laços comunitários.

    Ainda pré-adolescente, mudou-se para Portugal, período marcado por alguns desafios de integração, nomeadamente linguísticos.

    “O meu sotaque era completamente diferente e os meus colegas riam-se”, conta neste episódio, de volta ao “pesadelo” das aulas de Português do 6.º ano.

    Hoje formada em Direito, é professora universitária, mestre pela Harvard Law School, e doutoranda na Católica Global School of Law, destino académico que, sem os estímulos familiares, seria, à partida, inimaginável.

    Habituada a desafiar probabilidades, Aua dedica-se ao estudo e pesquisa na área do Direito Internacional Público, onde sobressaem as especializações em Direitos Humanos e Direito Penal, e a ligação a organizações globais, como as Nações Unidas.

    Mas, por mais milhas e diplomas que some, é na Guiné-Bissau que se encontra inteira. “Um bocadinho da minha alma sempre fica lá”.

    Continue a ouvir esta viagem, na companhia das apresentadoras Georgina Angélica e Paula Cardoso, n' O Tal Podcast.

    See omnystudio.com/listener for privacy information.

    続きを読む 一部表示
    53 分
  • Eva Cruzeiro: “Só não perdoa quem tem uma expectativa quase desumanizada do outro. Eu estou sempre à espera que as pessoas errem”
    2025/05/01

    Batizada Eva, à semelhança da avó materna, o seu último apelido é Alexandre, mas apresenta-se com o seu outro sobrenome – Cruzeiro – em homenagem à assinatura familiar da avó paterna.

    É dessa forma, como Eva Cruzeiro, que o seu nome sobressai nas listas do PS, onde se tornou a candidata-surpresa na corrida às Legislativas do próximo dia 18 de maio.

    Apesar da forte curiosidade política que despertou nas últimas semanas, continua, contudo, a ser mais reconhecida como Eva Rapdiva, identidade artística forjada entre beats musicais.

    Nascida em 1988 na Maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa, ‘combate’ desigualdades desde os 12 anos em batalhas de rap, género musical no qual ganhou notoriedade, com letras carregadas de análise e crítica social.

    O registo interventivo, extensão de uma personalidade inconformada com injustiças e exclusões, impulsionou os estudos em Ciência Política e Relações Internacionais, que se compromete a colocar ao serviço da atividade política.

    Pessoa de convicções firmes, Eva demonstrou cedo que sabe o quer: tinha apenas 12 anos quando anunciou o seu destino à “Doutora Ana Paula”, título que, em jeito de brincadeira, usa para se referir à mãe. Disse: “Vou ser uma grande cantora, cantar num estádio, ter a minha cara em outdoors, oferecer-te um carro, ter casa, tudo com a música”.

    Apesar do riso que arrancou da progenitora, a então aspirante a rapper partilha, neste episódio, que sempre contou com o apoio materno para seguir os seus sonhos. “Beneficiei de um contexto familiar que me ajudou bastante, e que fez de mim aquilo que sou hoje”.

    Aos 36 anos, a candidata a deputada à Assembleia da República pelo PS não esconde que tinha outros planos, desligados da política ativa e ligados à agricultura. “Mas acho que esta missão agora é bem mais importante. Porque a minha vida nunca foi só sobre mim e sobre os meus sonhos”.

    Assumida defensora do bem-estar coletivo, a nossa convidada de hoje lembra que as ameaças que vivemos exigem a mobilização de todas as pessoas. “Temos que estar alerta e nos unir para garantir que a democracia prevalece, as conquistas do 25 de Abril também, e que, no que toca aos nossos direitos, só iremos continuar a dar passos para a frente. Não há espaço para recuos”.

    Oiça aqui a conversa entre a “candidata sensação do PS” e as apresentadoras Georgina Angélica e Paula Cardoso, n'O Tal Podcast.

    See omnystudio.com/listener for privacy information.

    続きを読む 一部表示
    56 分
  • Gutto: “Black Company aparece nos livros da escola, faz parte da História”
    2025/04/23

    Apresenta-se como alguém “muito fechado, muito envergonhado, e muito introspectivo”, mas que, quando sobe ao palco, se transforma. Augusto Armada nos documentos, e Gutto na assinatura artística, o músico revela, neste episódio, que prefere estar no seu canto, longe da exposição.

    “Não é uma coisa específica minha. Conheço muitos artistas que são também assim”, aponta o ex-integrante dos Black Company, pouco ativo nas redes sociais, mas cada vez mais presente no equilíbrio da vida fora dos ecrãs.

    “A ida para o interior foi a melhor decisão de saúde que tomei, não só mental”, conta o improvável agricultor, hoje aos comandos da própria quinta. “Um mês depois de estar lá, a saúde física melhorou exponencialmente”, diz, completamente rendido à desaceleração dos dias. Mas mais do que fazer a ‘prova de vida’ do músico, nesta conversa percorremos alguns dos marcos da sua carreira.

    A começar pelo êxito “Nadar”, passando pela composição “Ser Negro”, sem esquecer a amizade com Boss AC, parceiro de vários projetos, incluindo uma turné nacional focada na Educação e Inclusão.

    Hoje a caminho dos 53 anos, Gutto, nascido em Luanda e educado na margem Sul do Tejo, dedica-se à formação e ao coaching comportamental, e vai matando saudades do palco com atuações pontuais.

    Para trás ficou o sonho de se tornar juiz, alimentado desde os 12 anos, e reformulado a partir de uma carreira inesperada na música, que conseguiu conciliar com a licenciatura em Direito.

    Sempre atento ao ritmo e poesia da vida, usa as redes sociais com muita moderação, e recentemente trocou a cidade pelo campo, onde se deleita a escutar os passarinhos, a apanhar azeitonas e fruta, e a fazer azeite.

    Oiça aqui a conversa de Gutto com Georgina Angélica e Paula Cardoso.

    See omnystudio.com/listener for privacy information.

    続きを読む 一部表示
    1 時間 4 分
  • Vem aí uma nova temporada d'o Tal Podcast. Desta vez na companhia do Expresso
    2025/04/16

    Para quem já conhece O Tal Podcast, obrigada por se manter connosco. Para quem nos está a ouvir pela primeira vez, bem-vindo à quinta temporada do nosso podcast, desta vez integrado no catálogo de podcasts do Expresso.

    Por aqui já recebemos mais de 40 personalidades em conversas sem guião pré-definido, ao sabor das respostas dos convidados à mesa com Georgina Angélica e Paula Cardoso.

    A todas as pessoas desse lado, fiquem atentas aos novos episódios e subscrevam a nossa newsletter bissemanal. O primeiro episódio será publicado no dia 24 de abril em todas as aplicações de podcast e nos sites do Expresso, SIC e SIC Notícias.

    Contamos com todas e com todos.

    See omnystudio.com/listener for privacy information.

    続きを読む 一部表示
    2 分